Miguel Moura venceu o prémio para a melhor lide na tourada de Arronches.

                                                                                                                                 Foto D.R.
"Esperava-se mais público na centenária praça de toiros de Arronches, sexta-feira passada, para assistir à tradicional tourada por ocasião das Festas de São João. Maior incidência nos sectores de sol e algumas clareiras nos de sombra.
Este foi o III Concurso de Ganadarias Alentejanas organizado nesta praça (em que o Município de Arronches se empenha por dar continuidade) e ficou limitado a touros de Paulo Caetano e Francisco Romão Tenório, por um imponderável com os toiros de Maria Guiomar Cortes de Moura.

Paulo Caetano lidou assim três exemplares da sua ganadaria. O primeiro com mais génio do que raça, algo bruto para o toureio; o segundo foi um toiro com qualidade que se arrancava de dentro para fora, ou seja, das tábuas para os médios e que acabou por vencer o prémio para o toiro mais bravo, o terceiro foi mais reservado mas a deixar-se lidar.
Com mais presença os toiros do ganadeiro local, Francisco Romão Tenório, até pelas características do seu escaste murube. O primeiro (quarto na ordem) de saída faltou-lhe alguma transmissão mais foi de grande nobreza (fazendo o avião nas investida). O segundo da ganadaria de Arronches foi um touro com qualidade e o terceiro e último da noite, um toiro bravo, com ritmo nas investidas.
O júri é soberano e o que está decidido, decidido está, embora se possa discordar quanto à atribuição dos prémios.
Paulo Caetano recebeu o prémio para o toiro mais bravo (2º da noite) e Francisco Romão Tenório o prémio para o toiro melhor apresentado (6º); os Amadores de Arronches levaram o prémio para a melhor pega; Miguel Moura recebeu o prémio para a melhor lide.
João Moura Caetano, a quem tocou o lote menos potável, esteve por cima do seu primeiro, um toiro com génio e algo bruto como se diz na gíria. Colocou tudo da sua parte para suprimir as carências do toiro da sua ganadaria. Com o segundo do seu lote com o ferro de Romão Tenório, que foi nobre mas a faltar-lhe um pouco mais de transmissão, João Moura Caetano, deixou na arena tudo o que tinha para dar... e que faltou ao murubenho.

Foto D.R.

Miguel Moura não esteve muito centrado com o seu primeiro, um toiro com qualidade. Faltou-lhe por vezes ajustar-se mais nos emborques. Com o segundo rectificou mais essa falta de ajuste, andou mais ligado e teve uma lide de menos a mais, o que é sempre empolgante para o público que acaba por se entregar.

Foto D.R.
Era um toiro mais reservado, o primeiro do lote de Salgueiro da Costa, com o qual, sem atingir grandes momentos, teve uma lide asseada. Já com o segundo teve uma das melhores lides que lhe vimos desde os tempos de praticante. Aproveitou o excelente toiro de Francisco Romão Tenório e andou ligado, com temple na execução das sortes, chegando com força às bancadas. Tanto Salgueiro da Costa como Miguel Moura, com poucas corridas toureadas nesta temporada, acusaram de princípio essa falta de acople aos toiros, mas que viriam a suprimir. Já João Moura Caetano, com mais anos de alternativa e um conceito de toureio mais definido, soube superar carências do primeiro toiro e esteve em muito bom plano com o segundo, que lhe proporcionou por momentos explanar o seu toureio e chegar com força às bancadas.


Foto D.R.
Quando aos forcados, os Amadores de Arronches pegaram um toiro à segunda e dois à primeira tentativa. Quanto aos Amadores de Alter do Chão fecharam-se num toiro à primeira, outro à segunda e um à terceira.
Dirigiu com acerto Marco Gomes, assessorado pelo Dr. José Guerra, numa corrida que se prolongou com o último touro a levar algum tempo para sair ao ruedo. Não deixou prolongar o suposto intervalo das touradas à portuguesa, até porque a noite estava algo fria." (Fernando Marques/planetadostoiros - 26/05/2016)