"ALGUMAS NOTAS DE CIRCUNSTÂNCIA..." por António Lúcio em "barreira de sombra" e "Os prémios “brindados”. Uns por simpatia…outros porque o público é soberano". por Fernando Marques em "Planeta dos touros"

"Se alguém pensar que a generalidade dos prémios atribuídos nas corridas de toiros difere muito do que se passa no defeso ou até na montagem de muitas corridas por esse País fora, desenganem-se. Pelo menos é o que penso e que aqui passo para o papel. Já fui membro de júri em muitas corridas, na atribuição de troféus de final de temporada e, NUNCA, ninguém me entregou uma grelha de avaliação da prestação dos artistas. Melhor, até houve, há uns anos atrás, um aficionado da minha terra que se deu ao trabalho de o fazer e de uma forma simples que permitiria dissipar dúvidas de todo o tipo. Há júris e júris e prémios e prémios. Os que têm maior visibilidade exigem maiores cuidados na atribuição e a escolha de júris deveria ter a concordância dos toureiros. Outra nota tem a ver com a não realização da corrida de toiros em Viana do Castelo: erro de casting? Não me parece. Caíram na esparrela e não tomaram nota do que já anteriormente havia sucedido e que só por sorte não levou à inviabilização da anterior corrida: se já havia problemas por causa do terreno estar em REN/RAN e não poder ser utilizado, voltar a utilizar um terrenos idêntico, despertaria mais rapidamente a consciência dos antis e a sensibilidade do julgador... Há que arranjar um terreno com zero de aptidão e ponto final! A demagogia dos antis, a coberto de alguns jornais diários, dizendo que este é o ano em que as corridas perdem mais espectadores ou que a televisão também tem menos adeptos, não tem tido respostas cabais da parte dos taurinos. Umas fotos no facebook não chegam. E se repararem até o Correio da Manhã, que tem 3 críticos taurinos na sua ficha, prefere dar destaque a umas ameaças de estaladas no final de uma corrida em Alcochete do que dar à estampa as crónicas das corridas que foram de casa cheia ou esgotada. Onde é que está o poder da sua equipa tauromáquica? A temporada decorre e com alguns êxitos a fazerem sentir que a continuidade está assegurada: os triunfos dos irmãos Moura, de João Telles Jr, de João Moura Caetano, de Marcos Bastinhas, Duarte Pinto, por ordem perfeitamente aleatória,  devem merecer das empresas que ainda têm corridas para "fechar", a maior atenção. São eles que amanhã irão levar as multidões às praças de toiros. Na próxima segunda feira, dia 31, pelas 19h, terá lugar na Praça de Toiros Daniel do Nascimento na Moita do Ribatejo, a apresentação pública dos cartéis que irão compor a Feira a ter lugar de 15 a 18 de Setembro próximo."




"Enquanto aficionado e arreigado ao mínimo dos mínimos que se deve exigir nestas coisas do toureio, duas situações deram para me pôr a reflectir, neste final de semana taurino. Não que as minhas reflexões venham mudar alguma coisa, pois valem o que valem e é a minha opinião, respeitando sempre as demais.  Manuel Vidrié foi um dos rejoneadores que vi tourear e que mais admirei, porque o seu toureio era o mais aproximado ao toureio a cavalo praticado em Portugal. Primava por dar vantagem aos touros, ia de frente e colocava os ferros ao estribo, rematando as sortes com garbo e toureria. Já escutei mais de uma vez da sua boca, em comentários no Canal + Toros, dizer que em Portugal não se lida, apenas se crava. Afirmação que me parece disparatada, embora ande por aí muito "espeta ferros" sem um conceito do toureio definido, mas daí até dizer que não se lida… Na primeira das Corridas Generales de Bilbao, a de rejoneo em que D. Manuel Vidrié foi comentador, não o vi manifestar-se quando é atribuída uma orelha (sei que pedida pelo público) em que Andy Cartagena a "cortou" com o número do caballito (atravessando o ruedo com o cavalo andando num Cabrer), fazendo delirar o público e depois de ter pinchado uma vez. Bilbao é praça de primeira. O seu presidente (Matias) é um grande aficionado e só cumpriu com aquilo que o regulamento manda: A primeira orelha é concedida pelo público se houver maioria. Não deixou contudo o presidente da praça de Bilbao, de alguma forma, mostrar o seu desacordo com aquele encolher de ombros significativo. Da boca de D. Manuel Vidrié, nem uma palavra. Caro senhor sei que nunca vai ler este meu escrito mas, se por ventura alguém lhe contar, só lhe peço coerência Assisti através da televisão (como centenas de milhares de telespectadores) à tourada realizada em Albufeira. Antes do final da tourada, não por premonição mas que estas coisas às vezes até dão para "adivinhar", tinha cá para mim, que o prémio em disputa para a melhor lide ficaria em casa.  Sem colocar em causa a idoneidade do júri, e que nestas coisas é soberano, pareceu-me haver aqui uma pontinha de simpatia para com o triunfador, já que iria agradar ao empresário, ganadeiro das reses lidadas e, que por sinal, até é sogro do cavaleiro triunfador. Não quero com isto dizer que não fosse meritória a sua actuação mas, como eu pensei, se calhar muitos mais aficionados compartem desta minha reflexão. Nada me move contra o toureiro, antes pelo contrário. Fui amigo do seu pai, o Dr. Semedo. Algumas das  primeira garraiadas que toureou como amador, eu e  o António José Martins estivemos na sua organização. Como aquela na improvisada praça de Santana da Serra em que toureou o Tito e os novilheiros Gilberto Belchior e o saudoso Eduardo Costa. Os prémios valem o que valem. O melhor prémio para um toureiro/cavaleiro é o reconhecimento dos aficionados, não do público que é uma coisa diferente. Mas que nestas como noutras coisas, como diz o ditado  "À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta". 





cuidado com os prémios...