Moita: venceu a arte e o toureio de Marcos Tenório Bastinhas!
Uma
vez mais a tradicional feira de Maio da ribeirinha vila da Moita do Ribatejo
centrou as atenções dos aficionados e público em geral. Em tarde festiva, com o
Grupo Forcados do Aposento da Moita a comemorarem o seu quadragésimo
aniversário e uma temperatura ambiente a pedir o aconchego da sombra, fez com
que os sectores do sol registassem menos afluência de público. O cartel como
sempre reuniu nomes de há muito consagrados, com outros em verdadeira fase
emergente nas suas carreiras – uns mais outros menos como sempre – mas que de
facto tornaram o espetáculo interessante de acompanhar, fazendo mesmo esquecer
que se iriam lidar sete toiros. Um espectáculo que teve dois momentos
distintos: o “furacão” Marcos Tenório que protagonizou a lide da tarde, tal a
raça e a emoção patenteada ao longo de toda a sua actuação, frente a um toiro
que acabou por se entregar, já que o valor do ginete não lhe deu tréguas nos
seus próprios terrenos. Por outro lado viveram-se momentos de angústia com a
colhida feia e aparatosa de Tiago Carreiras. Por vezes a entrega não é tudo e o
risco tem limites; e o toiro avisou. Os “Ascenção Vaz” estavam bem
apresentados, rematados até em demasia, na sua generalidade. Joaquim Bastinhas
foi o cavaleiro que deu inicio ao festejo, um consagrado cuja ambição e arte é
sobejamente conhecida do público e a receita para muito dos seus sucessos. Na
“Daniel do Nascimento” Bastinhas não fugiu á regra. Entendeu o toiro que não
sendo bravo deixou-se, deu-lhe a lide correcta e uma vez mais brilhou. Rui Salvador
a atravessar uma fase menos boa a nível da quadra e perante um toiro mais
agarrado á arena, evidenciou toda aquela entrega que se lhe reconhece desde há
muitas temporadas, mas que não foi suficiente para ultrapassar o problema que
teve por diante. Não por falta de vontade ou engenho do cavaleiro, mas por umas
montadas que não colaboraram com o toureiro de Tomar. Para Sónia Matias saiu o terceiro da tarde e também como é
habitual, a “baixinha” encastou-se com o toiro e rapidamente chegou ao público
com uma actuação de bom nível, procurando executar sortes frontais e os
terrenos correctos, para a colocação dos ferros. Lide variada onde não faltaram
os ferros em sorte de violino o que agradou plenamente ao público. Marcos
Tenorio Bastinhas “tocou pelo” no quarto da tarde. Com uma lide poderosa e
sempre a subir de nível, empolgou o público pela forma como abordou o toiro, os
terrenos deste e cravou os ferros: de alto a baixo e sem reservas. Com todo o
mérito arrebatou para si o êxito gordo da tarde. Tiago Carreiras uma vez mais tentou a todo o custo atingir o
triunfo e isso retirou-lhe discernimento. Arriscou em demasia e em teimosia,
por terrenos “complicados”, num toiro que não lhe perdoou o atrevimento,
surgindo a colhida quando tentou cravar o seu terceiro ferro curto. Apesar dos
momentos de apuro por que passou, não baixou os braços e deu continuidade á sua
lide, aproveitando o traquejo do velhinho, útil e rodado “Quirino”. João Maria
Branco foi um toureiro que passou discreto pela arena da Moita. Nunca se viu o
cavaleiro confiado com o toiro e tão pouco nos pareceu a gosto, perante um
inimigo que não foi o mais complicado, mas que nem por isso deu facilidades. O
espectáculo fechou com a actuação da cavaleira praticante Mara Pimenta. Também
esta simpática “loirinha” esteve correcta e atrevida com o seu toiro, muito atacado de
carnes o que lhe retirou andamento. Não sendo uma lide fulgurante, agradou ao
público nalguns momentos da sua actuação, sobressaindo em especial no quarto e
sexto ferros da sua actuação. Nota grande e especial para o Aposento da Moita,
em tarde de comemoração do seu quadragésimo aniversário, com pegas que
empolgaram o público e demonstraram bem a qualidade e tradição deste Grupo de
reconhecido mérito e valor. Foram caras Diogo
Gomes á 1ª, Luís Peças uma
glória á 2ª, Francisco Baltazar
á 1ª, José Pedro Pires da Costa também
ele á 1ª, José Henriques e João Rodrigues e a finalizar Martin Afonso a fechar-se á
segunda tentativa. Dirigiu o espectáculo senhor João Cantinho.
Francisco Santos