Praças de Portugal

PALHA BLANCO
VILA FRANCA DE XIRA

Mais de 100 Anos de História
A Praça de Toiros Palha Blanco, de Vila Franca de Xira, comemorou um século em Setembro de 2001.

Existiram, antes da actual, três praças de toiros no mesmo local, todas elas em madeira: uma sem a tradicional forma redonda, outra que já não conseguia responder às necessidades do público e, por fim, uma outra que ardeu. A praça definitiva é, então, construída em 1901, no tempo recorde de seis meses, por José Pereira Palha Blanco. Para tal reuniu uma sociedade por acções da qual fazia parte Amadeu Infante, o Conde de Cascais, Luís da Gama, Carlos José Gonçalves, Marciano Mendonça, Rodolpho Santos, entre outros. Esta praça surge com o objectivo de fazer face às despesas do Asilo Creche, uma instituição que, aquando da peste da pneumónica, acolheu muitas crianças órfãs. Mais tarde, a praça de toiros é doada à Santa Casa da Misericórdia.



Uma grande tourada, em Julho de 1905, transformou a praça num expoente máximo de prestígio. O rei D. Carlos honrou a corrida com a sua presença. Mais tarde e após a morte de José Pereira Palha Blanco, em 1937, a praça passou a possuir, na sua denominação, o nome do seu fundador.


Durante muitos anos decorreram ali inúmeros e diversos espectáculos, para além das corridas, novilhadas e garraiadas: peças cómicas, actuações de Amália Rodrigues, paradas da Mocidade Portuguesa, cortejos carnavalescos, saraus de ginástica, bailes, combates de boxe e concursos de bandas musicais. Serviu, ainda, de esplanada para visionamento de filmes projectados num grande écran ali montado e foi o local escolhido para a concentração de gado cavalar mobilizado para a II Guerra Mundial.
Uma Praça SingularEsta é, de facto, uma praça de características singulares pelo facto de ser a única do país onde se deram quatro corridas de toiros de morte (em 1925, 1927, 1966 e 1967) e pela primeira vez, na Península Ibérica, se realizaram nove corridas seguidas. As corridas de toiros de morte traduziram-se em grandes êxitos, contudo, os toureiros portugueses não escaparam à prisão. É também uma das poucas do país onde, até à data, não faleceu ninguém. Foram ali concedidas cinco alternativas a cavaleiros.


Considerada uma das praças com maior cartel, por lá passaram as principais figuras do toureio a pé e a cavalo, forcados e famosas ganadarias, que acabaram por fazer jus à designação de “Sevilha Portuguesa”, atribuída à cidade de Vila Franca de Xira. Conta-se que a origem deste termo deve-se à brilhante actuação de José Ribeiro Tomé, num Festival do Coliseu dos Recreios de Lisboa, onde o julgaram ser de Sevilha. Tomando conhecimento da sua naturalidade, passaram a dar o referido nome a Vila Franca de Xira. Cerca de 290 espadas, toureiros a pé e novilheiros, 260 toureiros a cavalo, mais ou menos 210 ganadarias, 520 bandarilheiros e 950 forcados passaram pela arena da Palha Blanco. Muitas personalidades de países como Espanha e México passaram por esta praça. Do toureio a pé, Domingo Ortega, Pepe Luis Vázquez, Conchita Citrón, Diamantino Viseu, Parrita, Carlos Arruza, os mexicanos Gregório Garcia, Luís Freg, Procuna e do toureio a cavalo: D. Luís de Rego, D. Rui da Câmara, D. Francisco Mascarenhas, Simão da Veiga (filho), os Domecq, António Luís Lopes, Morgado Covas, Rufino Pereira da Costa, Alberto Luís Lopes. Bandarilheiros como José Ribeiro Tomé, Mateus Falcão, Francisco Frois, Francisco Rocha, João Frois, Francisco Pontes e Vital Mendes, fizeram brilhantes actuações e, também, os forcados de Vila Franca, Évora, Montemor-o-Novo, relembram os mais idosos do Concelho.
A Praça de Toiros Palha Blanco, uma prova irrefutável de que Vila Franca de Xira foi, é, e será sempre uma Cidade Taurina de mérito nacional e internacionalmente reconhecido.




              Extraido de: http://www.cm-vfxira.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=65766





Este ex-libris da cidade de Vila Franca de Xira serviu de palco a vários eventos e corridas de beneficência organizadas por outras vilas, como Benavente, Salvaterra de Magos e Alenquer, com o fim de angariar fundos para colectividades: bandas de música, corporações de bombeiros, entre outras. Nessa altura os aficionados vinham de todo lado, apinhando comboios que tinham como finalidade transportar este público específico e cujo horário chegava a ser anunciado no próprio cartel. Realizavam-se, inclusive, intercâmbios por barco (não existia a Ponte Marechal Carmona) para possibilitar a vinda de mais pessoas aos espectáculos que marcam a história deste tauródromo. Épocas de ouro em que o fado e o teatro eram os únicos espectáculos de entretenimento para a noite. Durante o dia, as corridas de toiros eram a forma de lazer eleita por todos.

Inaugurada, a 30 de Setembro de 1901, a corrida desse dia contou com a presença de 12 toiros das ganadarias Palha Blanco, Luiz Patrício, Comendador Paulino da Cunha e Silva, Marquês de Castelo Melhor, António Vicente Santos e Eduardo Marques.