Serpa in "naturales" por Victor Besugo.


"No cimo de uma colina de onde o olhar se estende por vastíssimos horizontes, ergue-se a ermida de São Gens, na qual é venerada a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira de Serpa. E como manda a tradição, pela Páscoa, a cidade engalanasse para receber as Festas em sua Honra, e que trazem até à cidade “branca” muitos dos seus “filhos” assim como muitos forasteiros. O antigo forcado serpense, José Luís Pires, sonhou em 2007, associar a festa brava às festas de Serpa, e organizou o primeiro festival taurino a favor dos Bombeiros Voluntários locais, e desde aí que este evento se tornou muito importante para as finanças da instituição. Ao longo destes nove anos tem sido muitas as 
figuras do toureio mundial a marcar presença em Serpa. Este ano coube a José Juan Padilla essa honra, e com a mesma entrega e classe que toureia em Sevilha ou em Madrid, o matador de Jerez, brindou o público presente com uma faena de encher o olho, começando as faenas de capote e de muleta de joelhos no chão, conquistando desde logo os “tendidos”, que ainda tiveram a oportunidade de o ver bandarilhar, o que no final lhe valeu duas voltas à arena, a segunda acompanhado, e bem, do ganadero Carlos Falé Filipe. Juan Pedro Galan voltou a Serpa um ano mais, e com a mesma entrega dos outros anos, com um toureio que agrada. Nota positiva para o par de bandarilhas colocado por Cláudio Miguel e que deveria ter sido reconhecido com a chamada à arena. Na parte equestre atuaram João Moura, António Ribeiro Telles, António Maria Brito Paes e Rouxinol Jr., cada um com o seu estilo habitual, tourearam o que os oponentes permitiram… todos eles com nota positiva o que fizeram com que o espectáculo fosse entretido e que o publico que preencheu cerca de ¾ da lotação da praça, não desse pelas três horas que este durou.
No capítulo das pegas os cabos dos grupos de forcados de Moura e Beja apostaram na juventude e deram oportunidades aos novos forcados de mostrarem o seu valor, e se as pegas não foram concretizadas todas ao primeiro intento a culpa não foi dos toiros. Por Moura foram solistas David Carvalho à segunda tentativa e Gonçalo Borges à primeira na pega da tarde, onde o jovem forcado acreditou sempre conseguia pegar o toiro apesar dos diversos derrotes que sofreu. Por Beja concretizaram Alexandre Rato à terceira, e Thierry Gonçalves, com mérito à primeira, com a dificuldade da pouca visibilidade, provocada pelo escuro do final de tarde, que poderia causar problemas na pega, mas o forcado soube trazer o toiro à voz. Neste festival dirigido correctamente dor Tiago Tavares, assessorado por João Infante lidaram-se reses de Ascensão Vaz, Falé Filipe, Varela Crujo e Passanha. Nota final para o minuto de silêncio cumprido no início das cortesias em memória do ator serpense Nicolau Brayner." (Vitor Besugo em "Naturales" 28/03/2016)