Despedida de João Moura de Madrid, com sabor amargo!
Despedida de João Moura
de Madrid, com sabor amargo!
Madrid recebeu ontem à
tarde, mais uma corrida da Fería de San Isidro. O cartel era composto pelos
cavaleiros João Moura que fazia assim a sua derradeira despedida da monumental
de Madrid, o rejoneador Pablo Hermozo de Mendonza e o cavaleiro praticante
Miguel Moura que tirava a alternativa por Espanha, lidaram-se toiros da
ganadaria Los Espartales.
A praça estava
completamente cheia, numa tarde de calor e de agradável ambiente taurino onde
as expectativas eram elevadas.
Miguel Moura:
Abriu praça, recebendo
das mãos do seu pai, o primeiro ferro. Tinha em si a enorme responsabilidade de
carregar o nome “Moura”. Lidava um toiro de nome Tavanto com o peso de 566 kg,
de pelagem negra e bragado. Esteve correcto durante a cravagem dos ferros
compridos. No entanto a sua primeira lide veio a regredir, pois montando o
cavalo Quite, falhou dois ferros curtos e acertou outros dois. Teve também algum
azar, no toiro que lhe coube em sorte, pois este fechava-se muito em tábuas,
obrigando assim a pisar “terrenos”. Notava-se que estava ansioso e com os
nervos á flor da pele, naquela que era a sua estreia em Las Ventas.
No seu segundo toiro,
um negro bragado meano também algumas vezes fechado em tábuas, a lide veio a
crescer de menos a mais, cravou bons ferros no momento certo. No final recebeu
aplausos, e na minha opinião poderia ser merecedor de cortar uma orelha.
João Moura:
Na primeira lide,
calhou-lhe um toiro negro bragado meano, com 508 kg. Montando o cavalo
Flamenco, cravou alguns ferros curtos com boas precisões e ao pitón contrário.
Tentou tirar o máximo partido do toiro, no entanto pouco conseguido pois o
toiro durante a lide mostrava sinais de lesão, caindo algumas vezes em praça.
Não conseguiu matar o toiro a cavalo teve que recorrer à espada e moleta.
No segundo da tarde,
lidou um toiro de nome Clavel, com o peso de 565 kg. Teve pouca sorte, o toiro
fechava-se também em tábuas, e por isso teve que ir buscá-lo para assim poder
concretizar a sua lide. Nos ferros compridos teve bem, cravando-os no momento
certo. Nos ferros curtos, há a registar uma passagem em falso, que resultou na
falha do primeiro ferro, faltou toiro no momento da reunião. Teve mais uma vez,
grandes dificuldades para matar o toiro na arena, recorreu de novo à espada e
moleta.
Esta que era a sua
despedida de Madrid, teve na minha opinião um sabor amargo, pois não alcançou
as expectativas dos milhares de aficionados que estavam ali a assistir à
corrida, João Moura que se estreou em 1976, aos 16 anos de idade em Madrid, não
esteve nos seus melhores dias, e mais longe esteve das tardes que ali passou…
Foram tardes de grandes triunfos e debutes que lhe permitiram sair em ombros
nove vezes pela Porta Grande de Las Ventas. No entanto nem tudo é mau, há que
lembrar que foi Mestre Moura que projectou o nosso toureio a cavalo pelo mundo
fora, foi graças a ele que hoje o toureio português ganhou a dimensão que tem.
Pablo Hermozo de Mendonza:
No seu primeiro da
tarde, o rejoneador espanhol lidou um negro bragado de 510 kg. Foi nos ferros
curtos que se mais destacou, ao pisar terrenos do toiro e citando-o de frente e
em curtas distâncias. Trocou de montada para os ferros de palmo ao ir buscar o
cavalo Pirata. Teve também dificuldades no momento de matar o toiro.
No seu segundo, lidou
um toiro negro de nome Refranero com 567 kg. Montou o cavalo Manolete para os
ferros curtos. Em algumas ocasiões faltou toiro para tourear, e noutras deu
vantagem ao toiro e cravou bons ferros a curtas distâncias, é de realçar o par
de bandarilhas que cravou. Teve a melhor lide da tarde que permitiu-lhe assim
cortar uma orelha.
De concluir, uma tarde
morna de toiros, onde o resultado ficou aquém das expectativas esperadas.
Até à próxima, e vá
aos toiros, com os Aficionados de Portugal!
Bruno Janeco