CRÓNICA DE VILA FRANCA "UMA TARDE ONDE A AFICION SE SENTIU NA PALHA BLANCO"



No passado domingo dia quente e bonito, um dia dedicado a todas as mães a praça de toiros Palha Blanco abriu portas dando assim início à temporada Vilafranquense.

Os bons filhos à casa tornam dessa forma a gestão da Palha Blanco voltou às mãos da empresa Tauroleve, deixar uma nota bastante positiva à empresa que de uma forma brilhante publicitou esta corrida e o resultado disso foi casa cheia.
Esta bonita tarde de sol tinha um sabor especial para o jovem David Gomes que tomava assim alternativa ( A alternativa é a cerimónia, que decorre no início de uma corrida de toiros, em que um cavaleiro praticante ascende ao escalão máximo da sua profissão, ou seja, torna-se um cavaleiro de alternativa. Esta cerimónia tem um padrinho, um cavaleiro de alternativa, que cede esse grau ao novo cavaleiro. O novo cavaleiro lida de seguida um toiro para demonstrar a sua aptidão e ser avaliado. O cavaleiro pode ser aprovado ou reprovado. Se reprovar terá de fazer nova prova de alternativa noutra corrida) partilhando cartel com António Ribeiro Telles e Luís Rouxinol, as pegas estiveram a cargo dos amadores de Vila Franca e amadores de Coruche, tínhamos ainda em praça um curro da ganadaria Vale Sorraia!! 
Começo desta vez pelo rei da festa o curro de Vale Soarraia merece aplauso pela bonita apresentação que levou à Palha Blanco, toiros que saíram com trapio, toiros que nos fizeram recuar no tempo quando tínhamos curros a pedir contas, a exigir eficácia, saber, toiros que fizeram o público aplaudir e vibrar.
Assim vale a pena ir aos toiros!!!!
António Ribeiro Telles trouxe à Palha Blanco a sua beleza, a sua técnica, a sua classe, o seu saber e acima de tudo o seu profissionalismo.
A meu ver com dois toiros “chatos” o primeiro muito reservado e o segundo de seu lote um manso que tinha difícil leitura, ou se fechava em tábuas ou depressa investia sem se esperar.
António Telles ofereceu emoção, mostrou que os seus vastos anos de carreira não o fazem desistir de dar sempre mais e melhor.
Fez o público vibrar no segundo toiro, entrou em terrenos “apertados” mas sabendo resolver com mestria e respeito.
Nos ferros curtos (principalmente no primeiro) foi a apoteose total, que belíssimo ferro.
Luís Rouxinol tanto numa como noutra lide fez o que lhe competia, sinto que não foi a sua tarde, duas lides correctas mas que não deixaram saudade, ainda para mais ao alto nível a que estamos habituados da sua parte.
David Gomes tomava assim alternativa como referi anteriormente e de facto a tarde foi sua, levou emoção, querer, vontade, ousadia e risco.
O jovem cavaleiro entregou-se por inteiro, deixou a sua marca mais que positiva, foi decidido, arriscou, teve duas lides de valor e deixou patente que está na luta por um lugar de destaque em próximos cartéis.
Parabéns David e sorte daqui por diante!!!
Abriu praça pelos amadores de Vila Franca o forcado (futuro cabo) Vasco Pereira a quem deixo desde já uma palavra de carinho e ao Zé Pereira seu irmão (que dava primeiras na sua pega) pois perderam recentemente o pilar das suas vidas, o pai Vítor Pereira (também ele antigo forcado dos amadores de Vila Franca), e pegar depois dessa grande perca foi algo que carregou bastante emoção e até dificuldade emocional de certo.
Vasco é um forcado completo e mais uma vez mostrou isso em praça, bem a citar e a carregar como só ele sabe, um toiro fechado em tábuas, Vasco soube falar com o oponente e fazer com que este se fixasse em si, com um par de braços brilhante soube se fechar no momento da reunião e o grupo ajudou coeso.
Francisco Faria foi o segundo forcado das ramagens da vila a tentar a sua sorte, teve pela frente um toiro com “pata” que nem permitiu quase a colocação do barrete, na primeira tentativa não se conseguiu fechar e não deu qualquer tipo de hipótese ao grupo de ajudar.
Na segunda tentativa teve um toiro que investiu a passo, assim que sentiu Francisco deu dois valentes derrotes mas Francisco Faria soube resolver da melhor maneira e o grupo ajudou muito bem.
Márcio Francisco fechou a tarde dos amadores de Vila Franca com um toiro duro, um toiro que nunca abriu a boca durante a lide nem mesmo na pega, difícil de fixar, assim que viu o forcado arrancou de imediato, Márcio não recebeu bem o oponente e não se conseguiu corrigir.
Na segunda tentativa o comportamento do toiro foi exactamente o mesmo, mas aqui Márcio foi gigante, teve um par de braços extraordinário ao fortes derrotes que levou, a meu ver faltou ajudas.
Na terceira tentativa levou derrotes violentíssimos mas soube resolver como ele tão bem sabe, uma pega duríssima e de muita garra e valor, tendo ainda uma primeira ajuda por parte de Diogo Duarte de nota muito positiva que valeu volta à praça com Márcio Francisco.
Todos os públicos fossem assim e teríamos mais reconhecimento para com os ajudas.
Ao Márcio Francisco mais uma vez desejar melhoras que se encontra hospitalizado mas ao que tudo indica sem gravidade felizmente.
No que respeita aos amadores de Coruche foi chamado em primeiro lugar Miguel Raposo, teve pela frente um toiro sempre adiantado, foi colocado em tábuas mas assim que viu o forcado este quase não precisou de citar nem carregar.
No momento da reunião tudo foi feito corretamente, o toiro também não criou dificuldades, fazendo assim uma pega bonita mas sem complicações.
Nota ainda muito positiva para Miguel Lopes que rabejou de forma exemplar e com beleza ao sair mereceu ovação do público.
João Prates um homem de garra, força, dedicação e saber pegou o segundo toiro que calhou em sorte aos amadores de Coruche, fazendo o público se levantar do lugar para o aplaudir com o par de braços que teve, infelizmente não conseguiu concretizar, o toiro fugiu ao grupo e acreditem ele aguentou tanto e foi de uma força e entrega única.
Na segunda tentativa conseguiu realizar assim a sua sorte e perante o seu empenho conseguiu duas voltas à praça.
A fechar a tarde dos amadores de Coruche foi cara o forcado António Tomás um forcado que admiro pela sua vontade, teve pela frente um toiro manso, onde António soube executar todos os mandamentos exigidos a um forcado, após carregar o toiro três vezes este arrancou, derrotou e António Tomás aguentou e muito bem  com a ajuda do seu grupo.
Estava em disputa o prémio para a melhor pega que foi assim entregue a João Prates dos amadores de Coruche.
Em final desta crónica apenas parabenizar os dois grupos pela belíssima tarde que nos proporcionaram, o respeito mútuo, a amizade e companheirismo foram palavra de ordem, muito obrigada. 
Isto sim é o bom da festa e a essência do forcado amador!!!
Saudações taurinas 
Lara Veiga Vicente